
Tricampeão mundial de Jiu-Jitsu, Rubens Charles “Cobrinha” desembarcou em Abu Dhabi como favorito pelo ouro até 65kg do Mundial Profissional, que aconteceu no último final de semana na cidade, mas, ao contrário das competições anteriores, o faixa-preta voltou para o Brasil sem a medalha de ouro no peito. Em conversa com a TATAME, Cobrinha deu um chega pra lá no desânimo e mostrou que está mais animado do que nunca para a conquista do quatro Mundial. Em entrevista exclusiva à TATAME, o faixa-preta comentou a final com Rafael Mendes, criticou a postura do atleta, que ele classificou como “retranqueiro” e o desempenho da equipe Alliance no Mundial Profissional e mandou o recado para seu algoz.
O que você achou do Mundial Profissional?
Eu achei que o Carlão (Santos) teve a melhor intenção de fazer o primeiro Mundial Profissional de Jiu-Jitsu, conseguindo reunir tantos talentos, a cada luta era uma final.
O que você achou da sua luta contra o Rafael Mendes? O que saiu de errado?
Eu achei que foi uma luta parada, sem movimentação, mas é assim: uns conseguem, criar a evolução e outros conseguem criar o oposto. Eu acho que não saiu nada de errado, e sim que não tive muita sorte. Quando eu cheguei numa excelente posição, minha calça rasgou e a toda hora a luta era interrompida pelo juiz e voltávamos na posição que não era a mesma.
O Rafael disse que mudou de estratégia em relação às outras lutas contra você. Você acredita que esse foi o diferencial?
Ele não mudou a estratégia, ou melhor, até mudou, está conseguindo segurar a minha perna por mais tempo (risos). Mas é assim, quando você pratica a posição com certeza vai conseguindo melhorá-la e esse é o caso. A posição está cada vez mais parada sem movimentação e, em seis minutos, numa posição como aquela, quando você pensa em fazer alguma coisa o tempo acabou, mas ele está de parabéns, estudou o meu jogo e está fazendo o que ele acha que vem dando certo... Eu até acho que ele tem que fazer isso porque, se jogar franco, vai bater. Quando temos receio, temos que jogar na retranca, sem arriscar muito.
Como você encara essa derrota? Há quanto tempo você não perdia?
Eu encaro essa derrota da melhor forma possível, tirar proveito de tudo que aconteceu na luta, como foram das outras vezes. Eu já tinha perdido na Seletiva do ADCC, em 2007, então sei lidar bem com isso. Quando você é campeão é tudo lindo, fácil, mas, na derrota, conseguimos ver quem é realmente o campeão, porque não temos que ficar tristes, isso acontece. Eu já venho lutando há um tempo, não me escondo atrás dos títulos que tenho, e vou continuar lutando tudo que tiver a oportunidade. Isso não muda em nada para mim, sei bem dos meus valores e da minha capacidade. Perdi uma batalha, não a guerra!
Essa luta entre vocês foi em seis minutos. Qual a expectativa para lutar em 10 minutos?
Eu acho que seis minutos é um tempo excelente para saírem mais finalizações, mas isso quando os dois jogam em busca da finalização, porque, quando isso não acontece, acho que seis minutos é muito pouco, principalmente quando seu adversário tem um anti-jogo. Mas vamos esperar para ver o Mundial com juízes mais qualificados e fazendo a luta andar. Eu acho que pode ser bem diferente, mas vamos aguardar.
Você acredita que o Rafael pode pintar no seu caminho por lá também?
Eu acho que sim, mas não vou pensando especificamente nele, até porque a categoria pena é uma das mais difíceis e com tantos talentos chegando, então é bom ir pensando em todos e a cada luta.
Você agora volta seu foco para o Mundial da CBJJ. Qual a expectativa?
Já estou voltado para o Mundial e não vejo a hora, estou contando os dias (risos). Não muda em nada nas derrotas e nas vitórias, é a mesma coisa, vou continuar trabalhando duro como sempre fiz, foco total.
Qual a expectativa para se tornar o maior campeão da categoria?
As expectativas são as melhores possíveis para tentar o tetra... Fácil eu sei que não será, ou melhor, fácil nunca foi, mas eu sei bem o caminho.
O que você achou do desempenho da Alliance no Mundial Profissional?
Eu achei que a Alliance foi impecável, destaque para o Tarsis (Humphreys), que se sagrou campeão peso e absoluto. Ele já estava merecendo, já vinha batendo na trave alguns anos, mas dessa vez foi diferente, levou a alma. E destaque para o Michael (Langhi), que está mostrando que está melhorando a cada dia. Quando ele saiu atrás do placar na semi, correu atrás, virou bem e quase chegando na finalização, são poucos que conseguem fazer o que ele fez. Eu também queria destacar o Fábio Gurgel, que não tem que provar mais nada par ninguém, mas, mesmo assim, foi lutar entre a garotada, isso foi fantástico, exemplo de humildade. E também não poderia deixar de falar do Marcelo Garcia, que está muito empolgado para voltar a lutar de quimono e, com isso, são os amantes do Jiu-Jitsu que ganham, porque vê-lo lutando é show.
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